III – Não faça o mesmo que fez o seu pai. Não leve armas lá onde vai.
Alguns dias se passaram após a carta que haviam mandado para Shion, e nesse meio tempo Milo e Camus agiam normalmente perto de Ethan, porém, em casa estavam apreensivos. As pessoas que procuravam o corpo não haviam achado nada. Um dia, Milo surtou e se dirigiu para onde tinham enterrado o corpo. A armadura não estava mais lá. Pelo menos não iriam achar o corpo tão facilmente.
Após uma semana, após voltarem do treino, se depararam com uma carta no chão da entrada da casa, a resposta de Shion. Milo pegou a carta em seu impulso natural e já foi rasgando o envelope.
- Calma aí! – o grego já estava no sofá desdobrando o papel.
- Vem cá, Kyu. – bateu com a mão no lugar ao seu lado. O ruivo revirou os olhos mas fez o que lhe foi pedido.
Começou a ler a carta em voz alta:
“Cavaleiros,
Em primeiro lugar, Milo, onde você estava com a cabeça quando fez aquilo?! Tudo bem que o homem estava atrapalhando, mas matar ele?! Sorte sua que você talvez tenha feito um favor para muita gente.
Pesquisei o passado do ex-cavaleiro e não descobri coisas muito agradáveis. Esse homem possuía um cosmo realmente poderoso, talvez ao nível de um cavaleiro de ouro, mas era totalmente descontrolado. Não controlava seu enorme poder, e uma vez, em uma missão simples em uma vila no norte do seu país acabou saindo realmente do controle, destruindo tudo ao redor, até os moradores do local.
Ele quase perdeu a armadura por isso, mas como vocês sabem, a armadura tem vontade própria e não o deixou mesmo depois disso. O assunto foi esquecido e ninguém nunca mais tocou no assunto.
Pelo que me contaram o filho parece também ter um cosmo poderosíssimo. Mas confio em vocês para controlá-lo da melhor forma. São ótimos cavaleiros, e completamente competentes, não me decepcionem.
Ah sim, a armadura de Tucan já retornou a sua caixa de Pandora em seu local de origem.
Boa sorte,
Grande Mestre”
Camus reparou que enquanto Milo lia seus olhos iam se abrindo cada vez mais. Ao terminar olhou para ele com um olhar entre espanto e curiosidade. Mas o francês não podia negar, também estava um tanto assustado com a história. Milo relia alguns pedaços, depois de alguns minutos dobrou-a de novo e a guardou.
- Ual, isso foi tão Saga. – típico do loiro, fazer piadas em horas como essa.
- Você não tem jeito mesmo... – espreguiçou-se – Acho que vamos ter mais trabalho do que pensamos.
- Sim. – também se espreguiçou e aproveitou pra colocar um dos braços em volta do ombro do francês ao terminar o movimento – Mas me sinto um pouco mais relaxado depois de saber a verdade.
Camus se surpreendeu com o ato do amigo, durante aquela semana ele nem havia tido muito tempo para se aproximar daquele jeito dele. Corou ao perceber que sentia certa saudade daquilo, o loiro sempre foi muito grudento.
Milo riu ao perceber o rubor do ruivo.
- Se você ficar assim sempre que eu chegar perto de você agora, vou começar a achar que você realmente sente algo por mim. – Deu seu melhor sorrido de lado, meio zombador, meio sensual.
- Até parece. – Levantou-se bruscamente indo para a cozinha. Não iria deixar nada fácil para o grego, não era tão fácil assim, mas ficar tão perto dele o deixava meio desconcertado de uns tempos para cá. – Vai logo tomar banho porque eu quero tomar o meu e descansar.
- Tá, tá. – Foi para o banheiro com um sorriso no rosto pela reação de Camus, aquele francês ainda seria seu.
oOoOoOoOoOoOo
Após pouco tempo de treino, Ethan já estava muito avançado para sua idade. Ele conseguia surpreender os dois cavaleiros quase todo dia, se superando cada vez mais. Então, resolveram que já estava na hora de mandar o garoto para uma missão de treinamento.
Pesquisaram pela região até encontrar um caso muito curioso e que os lembrava um pouco do próprio rapaz, em uma vila a alguns quilômetros de onde estavam, havia um órfão de sete anos, filho de um falecido cavaleiro, que estava sendo perseguido por outro cavaleiro q foi inimigo de seu pai. Por mais que ele se escondesse, sempre era encontrado. A missão para Ethan seria achar um lugar seguro e protegido para a criança poder crescer em paz. Se ele encontrasse o cavaleiro durante a missão, azar do homem, pois pelo que descobriram sobre ele, não era alguém perigoso. Milo não se conformava nem que pudesse ter a honra de ser um cavaleiro de Atena.
Depois de acertarem tudo, foram conversar com Ethan durante seu treino.
- Garoto, como percebemos que você anda bem adiantadinho – Milo sorriu maroto – vamos mandá-lo para uma missão. Nada muito difícil. Pelo menos não é pra ser – sua ultima frase saiu mais baixa que o normal, olhando para o lado.
- Você apenas terá que transferir um menino que está sendo perseguido por um cavaleiro de bronze para um lugar mais seguro. – continuou Camus.
- Moleza! – Ethan colocou os braços na nuca com certo olhar de deboche para os dois a sua frente.
- Pode não ser tão simples quanto você acha. Você pode se deparar com o homem no caminho, estaremos por perto caso aconteça algo, mas no mais não vamos interferir em nada. – Camus disse já virando pra ir para casa. – Esteja pronto sábado bem cedo, vamos te levar até lá.
- Ok! – passou correndo por Camus, pulando nas costas de Milo que já estava na saída da arena.
- Ei, moleque. Quantos anos que você acha que tem? Não sou cavalo de ninguém! - Ethan nada disse, apenas seguiu seu caminho de sempre, deixando o escorpiano bufando. - Olha ele Kyu! – disse fazendo biquinho, voltando ao normal.
- Ás vezes acho que você não cresceu, Milo.
- Vai achando então, pinguim – deu um sorriso de lado para Camus, que apenas revirou os olhos.
oOoOoOoOoOoOo
Era sábado de manhã, o céu estava totalmente azul e o sol brilhava, porém o frio ainda estava presente. Os dois cavaleiros de ouro se preparavam para partir. Combinaram de esperar Ethan passar na casa deles.
Camus estava sentado no sofá quando Milo chegou e sentou ao seu lado, passando o braço por cima do ombro do ruivo.
- É... nosso menino está crescendo. – riu o grego.
Antes que Camus pudesse responder algo, alguém bateu na porta. O francês tentou levantar, mas Milo o segurou e gritou para ele entrar. Ethan abriu a porta e viu os dois ‘abraçados’ no sofá, parou por um momento diante daquela cena. Tinha que confessar para si mesmo, se sentia atraído pelo grego, afinal, naquela idade os hormônios estavam à flor da pele.
Camus, ao perceber o olhar do rapaz, logo se levantou puxando Milo junto.
- Vamos, já está tarde. – e saiu arrastando um Milo confuso e deixando um Ethan mais confuso ainda com a atitude do mestre.
Seguiram para a vila em total silêncio, a não ser quando o grego resolvia soltar algumas piadas infames. Após algumas horas chegaram ao local.
A vila estava agitada, as pessoas passeavam pela rua, ocupadas com seus afazeres. Os dois cavaleiros deram as últimas informações para Ethan e saíram de perto. Ocultaram seus cosmos e escondidos seguiram o aprendiz.
Viram o jovem entrar na casa e sair de lá com o menino. Olhava para os lados apreensivo.
Não haviam falado para onde levá-lo, a decisão seria sua. Ele foi em direção a saída da vila. Já estavam quase lá quando um homem de armadura entrou na frente dos dois.
Camus segurou Milo para o escorpiano não estragar a missão. Uma hora ou outra Ethan teria que enfrentar aquilo, ou algo pior, era parte do treinamento. O aprendiz entrou na frente do menino quase no exato momento em q o cavaleiro partiu pro ataque. O jovem conseguiu defender alguns socos e chutes, mas era inevitável não levar alguns.
Após uma serie de golpes, o cosmo de Ethan começou a se manifestar, crescendo aos poucos. Camus começou a ficar mais apreensivo, aquilo podia terminar mal. Seu cosmo não parava de crescer, e quando o cavaleiro desconhecido percebeu onde havia se metido já era tarde demais. Ao perceber o que vinha pela frente, Camus soltou o braço de Milo e só teve tempo de dizer uma coisa:
- O menino.
Segundos depois Milo já havia saído de onde estava escondido e pegou o menino o levando para fora da vila quase no momento em que ocorreu uma explosão, era Ethan. Ao olhar pra trás viu casas pegando fogo. Pensou em voltar, mas não podia deixar o menino sozinho com o cavaleiro por perto.
Enquanto isso Camus olhava para a cena paralisado. Não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Aquele poder era incrível para um aspirante a cavaleiro. Após a explosão, o ruivo foi até onde o cosmo de Ethan estava, ele se movia rapidamente pela vila. Se mais uma explosão acontece, não queria nem pensar no que podia acontecer.
Como se de propósito, quando pensou naquela hipótese, houve uma explosão quase no centro da vila. Era possível ouvir gritos por todos os lados, pessoas correndo tentando salvar suas vidas, crianças chorando, era terrível.
Camus estava entre ajudar Ethan e ajudar os moradores. Mas como um cavaleiro de ouro, fez os dois. Tirou apenas as pessoas mais próximas da luta e correu para parar o pupilo. Os dois lutavam onde antes havia uma feira. O cavaleiro inimigo estava assustado com todo aquele poder, ele tentava ir atrás de Milo que estava com a criança, mas Ethan não permitia aquilo. Por onde ele tentasse passar seria explodido, pode aprender isso.
O Cavaleiro de Aquário, com agilidade, congelou Ethan. Este estava tão preocupado em parar o inimigo que foi pego de surpresa. Logo depois Camus já estava dando um soco no meio do estômago do outro cavaleiro que caiu no chão desacordado.
Milo ao perceber que tudo estava calmo e não podia mais sentir a cosmo energia dos dois que lutavam. Chegou na ‘feira’ com o menino em seu colo e encontrou Camus com Ethan jogado por cima de um dos ombros, enquanto arrastava o cavaleiro até a floresta.
- Temos muito trabalho pela frente, mon ami.
Continua...